quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Meus amigos quando me dão
Recente soube do falecimento repentinamente inesperado da mãe de uma amiga antiga. Pessoa de riso fácil, de lidar tranqüilo, daquelas que em sua companhia nos perguntamos: por que não? Pra mim um dos mistérios da vida é nunca sabermos a última vez que encontramos uma pessoa. Estes três retratos registram três derradeiros encontros.
O Dr Barbosa Lima Sobrinho foi o símbolo da longevidade na imprensa. Presidente eterno da ABI, era menino ainda e trazia alguns biscoitos no bolso quando fiz esta dele brincando na cozinha de casa com seu cachorrinho.
Antes de fazer este retrato do Burle Marx perguntei-lhe onde ele se sentia melhor em seu sítio. Entre coleções de orquídeas me disse que em qualquer canto tava bom pois estava em casa.
Talvez o retrato que me deixou mais feliz tenha sido o daquele que fez sorrir a minha e as gerações anteriores. Roubei-lhe este instantâneo. O palhaço Carequinha antes de entrar em cena numa Lona Cultural em Santa Cruz, subúrbio do Rio, tinha um olhar distante como nós mortais pensando em nossas contas. No que pensaria nosso herói naquele momento iluminado, me pergunto sempre que vejo esta foto.
O encontro enquanto dura é uma fonte inesgotável de emoção. Numa destas saídas inusitadas de jornal cheguei a casa do cavaleiro da esperança, Luiz Carlos Prestes, que também atendia pela alcunha de O Velho. Quando me recebeu, muito sorridente me cumprimentou. Eu lhe disse que estava muito feliz e emocionado pois estava apertando a mão da história. Saindo dali pensei num poema que se tivesse lembrado antes lhe recitaria agradecendo o cumprimento
Meus amigos quando me dão a mão
Sempre deixam outra coisa
Presença
Olhar
Lembrança
Calor
Meus amigos quando me dão a mão
Deixam na minha a sua mão!
Paulo Leminski
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