quinta-feira, 11 de julho de 2013

Paraty e para mim








Artigo 12
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com imensa begonia na lapéla; parágrafo único, só uma coisa fica proibida, amar sem amor;  Thiago de Mello - O Estatudo do Homem

Quando o grande poeta Thiago pôs no papel estas leis eu ainda não tinha um ano de idade. Semana passada me encontrei com ele para registrar o momento em que se encontrou com Gilberto Gil. Disse-lhe que na minha adolescência suas letras subversivas dividiram comigo o quarto. Feliz, o poeta me beijou a testa.
Das muitas alegrias que tive cobrindo a FLIP na Casa SESC, nada me chamou mais a atenção que aquela luz de inverno. A excitante Paraty fica toda molhada com a chegada da FLIP e vive naqueles dias seu período mais fecundo, de encontros eternos que duram a intensidade daquela semana. 
Li pouco dos muitos livros que vi por la. Se não pude vê-los, li pessoas de fotogenia impar com  sorrisos amigos como os de Thiago e Gil. 
Se o sol ilumina aquela cidade como um grande cenário, nos palcos belezas de luz própria se iluminam. De dia a cantora lírica Manuelai Camargo cantou com delicadeza felina. De noite o sol veio abaixo reverenciar seus nordestinos bem nascidos. Com toda sua juventude, Antonio Marinho declarou seu amor eterno aos também jovens emboladores Cachimbinho e Geraldo Mousinho que rimam até no nome e juntos estão faz mais de 60 anos: "todos os chapéus que eu tiver eu tirarei para vocês". A noite quase já se ia e o dia já quase amanhecia azul.