quinta-feira, 11 de maio de 2017

O Mar é o mesmo sob o céu







"E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português."       
Fernando Pessoa
O mar, que antes levava para Lisboa o pau vermelho e o metal dourado, hoje traz do oriente brilhos eletronicamente fugazes, montados por mãos amarelas. As distâncias que os portugueses venciam em suas naus como quem dobra velhos mapas são as mesmas. São as mesmas as amarras e nós. As nuvens que passeiam por imensidões de céu são as mesmas. O mar, ainda jovial, faz ondulações e brinca com o sol de fazer pinturas abstratas no casco das embarcações. No cais, submersos em imensas estruturas, minúsuculos homens trabalham.  O mar é o mesmo sob o céu. Outros são os homens e suas cores. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Dona Benedita de Santo Antonio do Rio Grande








                                                       
Dona Benedita é riquíssima. Sua casa fica de costas pra pedra negra onde la em cima ainda tem onça. Sua propriedade, a mais bonita do lugar, tem um aparato de segurança e junto dele um vigilante uniformizado de amarelo preto e vermelho. O visitante que consegue transpor tais obstáculos é convidado para entrar e tomar um café. Pergunto se o bolo gostoso é de fubá, ela diz que na receita leva um cadiquinho.
Como todos naquele patrimônio, Dona Dita é abençoada por Santo Antonio que todos os dias brinca de soprar o dente de leão dando leveza `a vida; ilumina o alpiste ainda em flor;  e colore as margaridas do mato para que os pequenos que delas vivem nao se desorientem