quarta-feira, 29 de julho de 2009

A beleza das Telhas






Fotografia pra mim sempre foi `a vera. Profissão, ganha pão. As poucas lembranças que tenho de ter na câmera o curtir do diletante foi na adolescencia quando tive uma Love. O nome é este mesmo. Era um amor de camerazinha descartável. Você fotografava e mandava a câmera pra revelar. Em troca te davam uma nova e as cópias nem sempre muito nítidas da anterior. Depois dela ganhei de presente uma Miranda e já olhava pra ela como quem pergunta se ela me ajudaria a viver das suas imagens.
"Ter força pro trabalho é um privilégio, viver do que se gosta, maior ainda". Observando o Flavio trabalhar me veio em mente este pensamento. Para muitos montar um telhado pode ser um fardo braçal que não inspira maior contemplamento. No entanto, bonito de se ver é o entusiasmo do profissional que me chama pra mostrar a beleza que tá o alinhamento das ripas sustentadas por caibros milimetricamente paralelos. Quanta poesia tem aqueles cálculos matemáticos de beleza simples. Flavio faz aquilo com a naturalidade de quem pedala uma bicicleta. Fácil pra quem sabe. Difícil pro pedreiro é posar pra foto mirando o horizonte.
Enquanto isso o ajudante Chico segura a guia de uma ripa que espera o prego. O olhar é distante e o gestual traz`a lembrança o desfilar orgulhos de quem na procissão nordestina leva a bandeira do santo.

sábado, 18 de julho de 2009

Momentos vintage







Vintage é um termo usado para o melhor vinho. É quando a produção e a colheita da uva conferem ao vinho qualidade excepcional. Na música o termo é usado quando as características de madeira e construção fazem um instrumento soberbo. Se no vinho o paladar faz a distinção, nas guitarras ficam por conta da visão, tato e audição.
Em suas várias especialidades, penso que o ponto alto na fotografia é o retrato e a luz de produto. Tentei juntar os dois e mostrar o melhor destes instrumentos. Passar uma tarde na companhia de um instrumento destes é um momento vintage de vida.

domingo, 12 de julho de 2009

Quando o bonde dava a volta ali

Minha mãe diz que quando trabalhava no colégio interno seu passeio de fim de semana era ir até o final da linha do bonde. O bonde vinha de Campo Grande e fazia a volta na Ilha de Guaratiba. A Ilha de Guaratiba é um pedaço de terra cercado por terra de todos os lados. A praia fica uns 10 km longe. O nome do lugar é uma homenagem a um morador muito antigo, Sr Willian. Talvez o seo Ilha nem tenha sabido disso. Além do nome, Guaratiba ainda guarda tesouros como estas casas muito antigas, de taipa e com janelas de frente pra rua. Na medida pras vizinhas que nos tempos de antanho tomavam conta da vida dos outros.
Criança de subúrbio divide o ano por tempos. Em cada tempo se brinca de uma coisa. Agora é Tempo de pipa. Nem aí pra paisagem, os meninos olham atentamente seus tesouros feitos de papel fino, linha e cerol de vidro moído e cola de madeira. Daí de onde estão, lugar conhecido como ponta do picão, seguindo em direção contrária, numa picada pelo mato, se chega a praia do perigoso. Conta a lenda que bem antes das crianças chegarem pra soltar pipa, os índios apelidados de perigosinhos pelos colonizadores observavam o movimento dos barcos portugueses que chegavam, se abasteciam e saiam.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Faz falta um bodoque


A Coluna Gente Boa do Joaquim no O Globo comentou esta "campanha publicitária". A nota questionava a origem do canário (belga) simbolizando a seleção brasileira... Mandei-lhe o texto abaixo. Caso não seja publicado, antecipadamente compartilho o texto.
Caro Joaquim e amigos da coluna
Realmente o canário é outro e os tempos também. Fiquei perplexo quando vi o tal anuncio da naique. É tão ruim que sequer a agência teve coragem de assinar. Não quero desmerecer qualquer profissional em sua labuta criativa. Mas, sinceramente, o cliente que aprova e paga por uma campanha destas merece que marquem território em sua testa. Infelizmente ele sacou primeiro e sem mirar qualquer alvo aspergiu seu bom gosto sobre nossas cabeças. A campanha é tão grosseira e de um mau gosto inacreditável. Lamentável que enquanto se discute a melhor forma de se banir os mijões de plantão que espalham pelo centro do Rio seu perfume peculiar esta marca gringa (bom lembrar) não tenha o menor pudor de por na rua uma campanha destas. O título já anuncia o que vem... "Rala que rola" . Termino este desabafo com uma frase em bom português na melhor tradução carioca: Quando é que este tipo de gente vai ralar peito e nos dar o privilegio de sua falta?
Grande abraço do coleguinha, Guarim de Lorena