quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sentimento Blues






Lembro bem a primeira vez que ouvi um Blues. No terceiro andar do Rio Sul tinha uma loja de discos, HiFi. Tocava uma música que eu não sabia bem o que era mas tinha certeza de que não precisaria ouvir outra coisa depois disso. O vendedor me mostrou a capa de um disco do Little Walter.
Outra feita, entrei eu num show bem apertadinho num espaço mínimo no sótão do Castelinho do Flamengo. Ouvi All Your Love, um clássico do gênero, tocado com proficiência pelo Suburblues, uma banda que depois viria saber, era expoente do estilo. Por uma feliz acolhida ao tiete troquei figurinhas com o guitarrista e desde então meu grande amigo.
Alexandre Barcelos é daqueles difíceis de categorizar com um texto tão pobre e restrito. Trabalha cada nota no instrumento com a maestria de um escultor que dá forma ao mármore. Apesar disso, seu virtuosismo elegante o mantém no palco como coadjuvante de um espetáculo grandioso. Teimosamente porém, a luz o acompanha.
Nesta última edição do Stormy Tuesday subiram ao palco Alexandre Barcelos e a vocalista Stefania Blink relembrando o Suburblues com sua pegada de Diva. Bem pertinho, Otavio Rocha e Charles Zanol atrairam todos os olhares para uma disputa entre guitarras reais e imaginárias. Ao Fundo Beto Werther, e eu sempre me pergunto por que não acima, suspenso para que todos o vejam acariciando bumbos e pratos. Pois mesmo não tendo a menor vaidade como a musa do avô, Cesar Lago ao baixo está merecidamente sempre de e a frente.
Aquela música que eu não sabia bem o que era quando entrei na loja de discos, hoje tem pra mim uma tradução fácil. O Blues é na verdade uma reunião dos que muito se gostam. Eu comprei o vinil que tava tocando e desde então Valtinho e todos os seus amigos me fazem companhia.