segunda-feira, 29 de junho de 2009
O cheiro
Em Bocaina de Minas reina a santa paz. Ainda que a paz seja um conceito e fugidia como pássaros de acrílico pendurados na janela. A vida passa a cavalo. Lentamente, como um fusca que pacientemente escolta os cavaleiros que seguem em frente. O ritmo é lento, constante e preciso como a trajetória da bola rumo `a caçapa que se esquiva no momento exato. Nesse bar senti um cheiro de doce que se guardava em vidro. O cheiro continua sendo o mesmo de quando o senti pela primeira vez.
Recebi um carinhoso convite do companheiro de imagens Rogério Reis. Av Brasil 500 é o nome da exposição. Este endereço abrigou até pouco tempo o Jornal do Brasil. O JB será para todo o sempre a referência do que um dia chamamos de fotojornalismo.
Indicado pelo próprio Rogério tive o privilégio de frequentar aquela casa e conhecer o cômodo que mais me dizia respeito: a editoria de fotografia. Ouvi dizer que dos sentidos, o que mais rápido chega ao cérebro é o olfato. Pois a melhor lembrança que tenho daquele lugar é o cheiro ainda em preto e branco do labortatório fotográfico. No mais todo o prédio cheirava a tinta que vinha da gráfica que rodava o jornal.
O cheiro. Talvez venha daí a constatação "`a-juizada" de que fazer jornal é como cozinhar.
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Meu querido amigo, fico feliz de ser uma das amizades que compartilham o teu blog. Aqui, onde estou neste momento, os cheiros são de matracas, tambores, zabumbas, cuícas e maracas. E o céu é de um azul indiscretível. Muito calor, claro. beijos
ResponderExcluirGuarim,
ResponderExcluirTexto saboroso (e talvez cheiroso, pena que eu tenha perdido o olfato há 13 anos...) como sempre. Fiquei imaginando aquele prédio ainda vivo, modificando a cada dia a vida do país... Nos dias que correm Bocaina de Minas - e outras Bocainas (dos Blaudts por exemplo) - é uma opção cada vez mais vívida em meu imaginário. Valeu pelas fotos, retratos do paraíso!
Forte abraço,
Pedro Capeto