Fotografia pra mim sempre foi `a vera. Profissão, ganha pão. As poucas lembranças que tenho de ter na câmera o curtir do diletante foi na adolescencia quando tive uma Love. O nome é este mesmo. Era um amor de camerazinha descartável. Você fotografava e mandava a câmera pra revelar. Em troca te davam uma nova e as cópias nem sempre muito nítidas da anterior. Depois dela ganhei de presente uma Miranda e já olhava pra ela como quem pergunta se ela me ajudaria a viver das suas imagens.
"Ter força pro trabalho é um privilégio, viver do que se gosta, maior ainda". Observando o Flavio trabalhar me veio em mente este pensamento. Para muitos montar um telhado pode ser um fardo braçal que não inspira maior contemplamento. No entanto, bonito de se ver é o entusiasmo do profissional que me chama pra mostrar a beleza que tá o alinhamento das ripas sustentadas por caibros milimetricamente paralelos. Quanta poesia tem aqueles cálculos matemáticos de beleza simples. Flavio faz aquilo com a naturalidade de quem pedala uma bicicleta. Fácil pra quem sabe. Difícil pro pedreiro é posar pra foto mirando o horizonte.
Enquanto isso o ajudante Chico segura a guia de uma ripa que espera o prego. O olhar é distante e o gestual traz`a lembrança o desfilar orgulhos de quem na procissão nordestina leva a bandeira do santo.
Fala, meu parceiro! Tenho que te contar que anda indo bastante para o Recreio. Se ainda continuas sempre pela Barra, é mais um motivo para tentarmos nos reencontrar, já que o almoço no Centro nunca acontece... maravilha de blog. Tenho que fazer uma visita mais devagar, com a atenção que você merece. Abração.André
ResponderExcluirAs telhas são transparentes? Dá para ver a lua? A lua e tudo o mais. Ah meu amigo, quando passo na frente da KODAK, antiga fábrica em SJC, fico pensando no quanto o capitalismo é nefasto. Claro que, graças a crescente tecnologia, hoje podemos ter a mais nova digital que nosso bolso permita. Isso nos dá o prazer de fazer fotos também por diletantismo.Parabéns, continue...
ResponderExcluirApaixonado, apaixonante, impressionante! A construção do telhado está linda e as fotos sensacionais.
ResponderExcluirI love you!
Bj
O sujeito faz fotos lindas e, ainda por cima, fica poetando também! Aí, meu irmão, já é um abuso gigantesco.
ResponderExcluirConheço muitas gentes, mas não conheço ninguém capaz de ver poesia num telhado nascente.
bj
Guarim, volta e meia me sinto movida a comentar suas postagens, e dessa vez, não deu para resistir!...Me fez lembrar Paulo Freire, que fala do trabalho como forma de transformar o mundo-e a nos mesmos.Nas palavras dele:"significa impregná-lo de sua presença criadora, deixando nele as marcas de seu trabalho". Lindo, né?! E na sequência de associações livres, o lirismo do seu texto me leva a outra inevitável citação- essa de Thiago de Mello:(...)Peço licença para soletrar, no alfabeto do sol pernanbucano, a palavra ti-jo-lo, por exemplo, e poder ver que dentro dela vivem paredes, aconchegos e janelas, e descobrir que todos os fonemas são mágicos sinais que vão se abrindo. Constelações de girassóis gerando em cícurlos de amor que de repente estalam como flor no chão da casa.(...) Parece essa sua poesia que, do seu olhar, invade a sua casa, né não?!bjs Cláudia Márcia
ResponderExcluirGuarim, a postagem acima é de nossa amiga Cláudia Márcia, lindo o que ela escreveu, né? Mas bah, estás suscitando belos textos, Fafá
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