domingo, 6 de dezembro de 2009
O sonho da casinha
Talvez uma forma quase eficaz de se abrandar uma situação seja trocar-lhe o nome. Favela atende hoje por Comunidade. Favela, que já foi tema de alguns sambas antigos, com o tempo virou sinonimo de lugar insalubre. Vamos ver quanto tempo Comunidade fica nas paradas de sucesso.
Esta semana fotografei a que atende pelo nome de Batan e fica em Realengo. Fiz o trabalho e descendo o morro dei de cara com estes dois barracos. Além do notório desconforto do teto baixo que certamente potencializa o calor da área mais quente do Rio onde localizam-se estas moradias, a semelhança entre as duas é a fachada. Na primeira o sonho de consumir os produtos de uma loja que leva "casa" no nome. Mais abaixo encontrei esta outra cuidadosamente embalada em um cartaz de lançamento imobiliário. De frente a vizinha, Dona Dalmira da Cunha Franco, que mora ali com os sete filhos encontra ternura na voz e generosidade no ato pra me traduzir o que eu estava vendo: isto (o barraco embalado no cartaz) é o sonho que a gente tem de ter uma casinha".
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Que boa matéria, Guarim! Sua sensibilidade mostrando o que não é olhado, ou melhor, o que não queremos (governo e sociedade) olhar!
ResponderExcluirMarcela Cunha
O sonho da D. Dalmira se expressa também no detalhezinho da faixada da primeira casinha "Deus é Fiel" (quase não se pecebe)... Incrivel esta "estranha mania de ter fé na vida".
ResponderExcluirGosto de seu jeito de nos contar seus caminhos.
eu tbm adoro!!! muito sensível e com uma percepçao absurda! adorei e me emocionei!
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