quarta-feira, 20 de abril de 2011

125 de Velocidade e 5.6 de Abertura








Eu sou de "Mil Novecentos e Guaraná de Rolha". Pelo menos lembro de tirar com a unha a rolha colada na chapinha. Sou também do tempo em que o fotógrafo era "o especialista", o cara que olhando uma cena em determinada hora do dia sabia que com um filme TriX a foto sairia boa com 125 de velocidade e 5.6 de diafragma. Isso o distinguia dos demais seres vivos. Apertando-se hoje o botãozinho do celular o duende preso la dentro equaliza esta questão.
O tempo... o tempo devolveu ao "fotógrafo" sua única e verdadeira atribuição: Olhar.
O fotógrafo é aquele que olha o tempo todo. Olha a luz confinada no espaço equidistante de quatro ângulos retos.
Em São Paulo com um aparato feito pra falar mas que captura imagens com míseros 2.0 mp registrei estes pontos de vista que compartilho:
Por incrível que pareça eu acredito que São Paulo faz parte da América Latina. Lá tem um memorial com este nome e fica em Barra Funda. O buraco é mais em baixo.
No metrô a escultura do mineiro Alfredo Ceschiatti lhe empresta os olhos e observa com certa lascívia os "manos" que apressados por ela passam e a não observam. Não precisam, ela vai estar alí, no mesmo lugar amanhã.
O menino Kauã olha pela janela a paisagem. Ao lado a mãe que com sua irmãzinha no colo parece não ter motivos aparentes de contemplação. O pai ainda não traz na pele a irmãzinha, apenas segura a toalha da caçula.
A loira traz no corpo a público um pouco de sua intimidade. É possível que se chame Gich e seja o ponto comum entre Ana Maria, Paulo Luiz, Francisco e Anelize.
São Paulo parece relembrar o tempo todo. Os prédios são modernos e as esquinas antigas. Reminiscencias de quem tirou do bico do papagaio promessas de outros tempos.
Entre uma passada e outra este que passa mineiramente cabisbaixo encontra no chão a figura talvez divina de um Cristo idealizado ou de um Bin renegado e rasgado.
Por fim tudo são flores. Não fosse o desmentido de uma calçada em preto e branco, de alinhamento gráfico perfeito

4 comentários:

  1. Mesmo com toda tecnologia, técnica é sempre fundamental, mas o que faz diferença mesmo é o talento. Talento sem técnica é desperdício. Técnica sem talento é mera reprodução. Talento e técnica unidos é o que a gente vê nesses registros. Eles servem pra mostrar que a fotografia pode não ser mera reprodução, e que a diferença entre uma foto minha ou dos pobres mortais e de uma foto sua, é que a primeira é um mero registro de bons momentos ( não desmerecendo o bem que nos faz essas despretensiosas imagens) e a segunda é arte, no melhor conceito filosófico da palavra.

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  2. Pois esta é São Paulo, fotógrafo: inteirinha ao seu dispor. Portanto, apareça mais vezes. Bj

    [rs] guaraná de rolha é demais, mas condena ao extremo os mais de 40...

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  3. Fiquei emocionado. Tanto as fotos quanto o texto revelam o amor que esse mineiro acariocado chamado Guarim de Lorena tem pela cidade que adotei como minha.

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  4. Gosto de pensar o que pensava o fotógrafo ao selecionar aquele ângulo específico retratado na imagem que observo. Missão impossível, mas que aguça a curiosidade e torna tudo muito mais interessante. Pura arte. Parabéns Guarim.
    []s,
    Pedro Couto

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